quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A Grafonola do meu Avô

Recordo-me de sempre de ver no "quarto escuro" a caixa, a base em madeira, de uma grafonola. Do que me contaram, a campânula e o mecanismo terão sido vendidos em altura de “aperto”.
Caixa em madeira (castanho?). Dimensões:
  • Base = 395 mm x 395 mm
  • Tampo = 355 mm x 355 mm
  • Altura = 210 mm

Perspectiva, com o tampo aberto


Vista de lado

Vista de lado (pormenor do encaixe da manivela)


Vista do tampo
Já agora, quando completa, a grafonola poderia ter tido mais ou menos este aspecto:

domingo, 29 de novembro de 2009

O alambique

O alambique da casa da minha avó é um dos objectos que faz parte das recordações da minha infância.

Situava-se num canto do pátio e, quando a aldeia ainda tinha habitantes, assisti algumas vezes à feitura de aguardente; lembro-me que o vizinho Ti Cavadas era participante habitual nas operações de fabrico...

Infelizmente tivemos de o retirar do seu "habitat", se não hoje restava-nos apenas ver as suas fotografias, tal como acontece a muitos outros objectos que a frequente ladroagem já levou.




Uma descrição muito exacta dos alambiques e do seu funcionamento pode ser encontrada no livro "Memórias de Trás da Serra" de José Lucas Pedro, do Fontão Fundeiro, de que já falámos anteriormente (ver pág. 122 e seguintes do livro).

domingo, 4 de outubro de 2009

Três postais ilustrados de Campelo

Três postais ilustrados recentes de Campelo (2006/2007):

José Costa Reis, filho de Peralcovo

José Costa Reis é um reconhecido homem das artes nacional; da Wikipédia extraímos um apontamento biográfico:


José Manuel Costa Reis nasceu em Lisboa a 15 de Setembro de 1947. Frequentou o Curso Superior de Pintura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, de 1964 a 1969, e estudou cenografia no Teatro Nacional de S. Carlos, com Mestre Furiga. No cumprimento do Serviço Militar tirou o curso de fotografia e cinema dos Serviços Cartográficos do Exército, único no género então existente no País.
Profissionalmente trabalhou durante dois anos no Núcleo de Cinema do Instituto Português de Cinema, a par de uma intensa actividade como cenógrafo e figurinista, bem como tem trabalhado regularmente como pintor, decorador, ilustrador, tendo ainda desempenhado funções de director de arte, na produtora portuguesas (Panorâmica 35) durante 6 anos.
Em 1991 funda a sua própria empresa (a Visual Total) destinada a criar e produzir decoração de interiores e décors para publicidade e televisão.
É professor de cenografia no Chapitô, das licenciaturas em Artes e Espectáculo da Universidade Lusófona. anteriormente, de 1992 a 2006 leccionou a disciplina de cenografia na Escola Profissional de Teatro de Cascais.
Juntamente com Jorge Salavisa cria no Teatro Municipal S. Luíz o "Ciclo Novos Vezes Nove" - "Actores" destinado a revelar novos talentos na área da representação.
Em 2006 é agraciado com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique por S.Exa. o Sr. Presidente da República Dr. Jorge Sampaio.
Pelo seu trabalho ligado à área da criação de moda nos anos 70 ser considerado o primeiro estilista português, tal como hoje se entende o termo.
Desempenha actualmente as funções de Director de Arte na T.G.S.A (actualmente T.D.N SA).

Cremos estar na presença do filho de Álvaro dos Reis, natural de Peralcovo.

Encontrei um pequeno artigo da revista "Caras" de Dezembro de 2001:


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Rodilhas feitas pela minha Avó

As “rodilhas” eram almofadas aneladas de tecido usadas pelas mulheres para transportarem cargas à cabeça, nomeadamente cestos e os cântaros de barro com água das fontes para as casas.
José Lucas Pedro, do Fontão Fundeiro (outra aldeia da freguesia de Campelo) descreve com pormenor no seu recente livro “Memórias de Trás da Serra ”, de que falamos já (pág. 202, 203), a função das rodilhas:


“Usava-se para servir de almofada para sustentar a cesta ou o cântaro.

A prática de algumas mulheres era tão grande que, colocada a rodilha na cabeça, não era preciso segurar o que quer que fosse que nela pusessem. As mais novas, enquanto não tinham experiência, ao tentarem imitar as mais velhas, iam segurando primeiro com as duas mãos, depois só com uma e, por fim, sem nenhuma.

Como que faziam um despique para ver quem primeiro conseguia equilibrar o cântaro ou a cesta sem mãos. Se, porventura alguma deixava cair o cântaro, ouvia um ralhete da mãe.

Bem estavam os rapazes porque não passavam por esta prova.

As mulheres eram mais sacrificadas que os homens pois, além de fazerem todo o trabalho doméstico e educarem os filhos, também faziam os trabalhos da lavoura. Só não cavavam as terras.

Esse trabalho era para os homens. Ainda assim, a mulher fazia o almoço e ia levá-lo onde os homens andassem a trabalhar.”


Em Peralcovo as mulheres também usavam rodilhas para ajudar no transporte da água da fonte (de S. José) para as suas casas. A minha Avó sabia fazê-las muito bem, como o comprovam as seguintes fotografias das mais bonitas rodilhas que me ofereceu a mim e à minha filha:

145 mm (diâmetro) x 50 mm (altura)

105 mm (diâmetro) x 40 mm (altura)

140 mm (diâmetro) x 40 mm (altura)


115 mm (diâmetro) x 50 mm (altura)


130 mm (diâmetro) x 40 mm (altura)

domingo, 13 de setembro de 2009

Os Fornos

Em Peralcovo muitas das casas tinham fornos para cozer o pão.


Os fornos que ainda sobrevivem constituem uma valiosa memória dos tempos em que a aldeia tinha vida.

Dois testemunhos sobre os fornos da região e o seu uso:

"Dentro dos muros das casa mais abastadas ficava ainda o forno de cozer o pão de milho ou de centeio. O forno levava em geral 20 broas ou mais, a parte superior era arredondada e a parte de baixo, o lar, era de barro; o forno era feito de barro e pedra molar." - "Monografia do concelho de Castanheira de Pera", Kalidás Barreto, Câmara Municipal de Castanheira de Pera, 2.ª ed., 2004.

"Na 'casa do forno', geralmente fora do espaço da casa de habitação, como o nome indica, fabricava-se, com todo o ritual e muito requinte, a broa de milho a que se misturava o centeio, ambos os cereais cultivados na região e moídos num ou noutro moinho particular como no do Joaquim Cinco Réis, na Fonte Velha, ou nos da Casa Lucas na Foz da Silveira e na Fonte Velha; ou no da Tia Gertrudes, na Assenha (Azenha) ou ainda no dos Priores, no Moinho Velho que, por ser a única construção ali existente, deu nome ao lugar; outros, ainda, eram explorados por moleiros de profissão, como os da Machuca, os de Vale Salgueiro (Entre-Águas) e os do Moinho Novo." (- "Memórias de Trás da Serra", José Lucas Pedro, ed. Autor, 2009.

Para além da interessante arquitectura dos fornos de Peralcovo, é de notar a grande variedade na sua implantação.



Forno situado no piso superior da habitação ("sobrado"):



Forno na cozinha, compartimento situado no "pátio", mas exterior à habitação:



Forno no exterior, no acesso à habitação (sob a varanda/escada):


Forno no exterior da habitação, mas com acesso para o seu interior, no piso superior ("sobrado"):



Forno situado no interior da habitação, no seu piso térreo:

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Apresentação do último livro de Kalidás Barreto


Tomamos conhecimento pelo blogue Notícias de Castanheira de Pera - http://carlosscoelho.blogspot.com - do lançamento do último livro de Kalidás Barreto - “Os Presos Políticos de Castanheira de Pera 1949 – Não Apaguem a Memória”
O lançamento terá lugar no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Castanheira de Pera, no próximo sábado, dia 12 de Setembro, pelas 16 horas.

A apresentação estará a cargo de António Arnauth e moderação será da responsabilidade de Adélio Amaro.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Fotografias das festas

O meu primo mais velho digitalizou recentemente várias fotografias antigas de Peralcovo, de álbuns de família do Torgal.

Aqui vão algumas fotografias das festas de Peralcovo:



segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Castanheira de Pera – Kalidás Barreto lança novo livro


Através do blogue Tertúlia do Pinhal (http://tertuliadopinhal.blogspot.com) tivemos conhecimento do lançamento de novo livro de Kalidás Barreto, distinto filho da região.

O livro intitula-se “"Os trabalhadores laneiros no distrito de Leiria" e aborda a origens históricas da tradição têxtil na região e a organização e lutas do movimento operário associado à indústria dos têxteis.

Ainda do blogue “Tertúlia do Pinhal” transcreve-se entrevista que Kalidás Barreto deu ao Blogue “Castanheira de Pêra em Notícia” aquando do lançamento dessa obra:

Blog Castanheira de Pêra em Noticia (BCPN): O que retrata este livro?
Kalidás Barreto (KB): Este livro resulta da investigação que deu origem a um outro livro que escrevi só sobre Castanheira de Pêra, das lutas sindicais ao longo dos anos, associadas à indústria dos têxteis. Neste trabalho quis circunscrever-me ao período até ao 25 de Abril. Porque a partir de determinada altura sou protagonista e ser protagonista e autor é complicado. Já tive essa dificuldade quando escrevi a monografia de Castanheira de Pêra.

BCPN: O que explica a tradição têxtil em Castanheira de Pêra?
KB: É uma terra de serra, onde toda a gente sabia tosquiar e fiar, mas cada um fazia-o em sua casa. O livro aborda as origens históricas, o desenvolvimento e algumas situações curiosas. É uma história interessante, que gostei de investigar e ver, e sobretudo realçar a luta do movimento operário. Em condições de isolamento, aquela gente soube dar vida e criar umas primeiras associações operárias do distrito. Este opúsculo é ainda valorizado por um conjunto de fotografias de José Luís Jorge, feitas a partir de uma indústria florescente a partir no século XIX.
BCPN: Como vê a crise e o quase desaparecimento dos têxteis em Castanheira de Pêra?
KB: Com nostalgia, mas é preciso ter esperança. Há duas fábricas que permanecem com grande vontade, mas com dificuldades em virtude da concorrência externa. Este livro é também um testemunho, porque os jovens precisam de ter memória. É preciso não esquecer a vontade que aquelas pessoas tiveram todas e quanto foi difícil chegar onde se chegou.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Roteiro de Peralcovo

Na passada semana cruzei-me em Peralcovo com um grupo de 4 simpáticos jovens com familiares em Alge que procuravam a Capela.

A pensar nos turistas que, especialmente neste período, visitam Peralcovo, fiz um esboço de Roteiro com 9 ou 10 locais que me parecem de não perder.

Prometo procurar melhorar e completar este esboço de roteiro.

sábado, 22 de agosto de 2009

Banco de imagens locais da Biblioteca de Figueiró

Uma excelente iniciativa da Biblioteca Municipal de Figueiró dos Vinhos: a criação de um banco de imagens locais digital.

Com este projecto a Biblioteca de Figueiró ter-se-á tornado na primeira biblioteca pública de língua portuguesa a partilhar fotografias na Internet.

De Campelo constam neste momento 17 fotografias, bem como mais algumas de outras povoações da freguesia; de Peralcovo não existe ainda nenhuma foto.


Extraímos três fotografias de Campelo:


A igreja de Campelo


Vista panorâmica de Campelo

Construção do viveiro de trutas, 1969
O Banco de imagenms pode ser consultado em:

sábado, 15 de agosto de 2009

O Engenho da Machuca, Campelo

A freguesia de Campelo - lugar de Poço Negro, fronteiro a Entre Águas -, possuiu uma das primeiras unidades industriais de transformação de ferro de que há registos no país.

O Engenho ou Fábrica de Ferro da Machuca foi instalado em 1577 e funcionou até 1759, altura em que cessou a actividade por decreto real.

Encontrei referências a esta fábrica em dois livros. A "Monografia do Concelho de Figueiró dos Vinhos" - GASPAR, Jorge; GOMES, Heitor; VICENTE, Ana Cláudia; VIEIRA, Sónia (2004). Edição da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos, Figueiró dos Vinhos:




O outro livro é "Figueiró dos Vinhos Terra de Sonho" - MEDEIROS, Carlos (2002). Edição da Câmara Municipal de Figueiró dos Vinhos, Figueiró dos Vinhos.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Tumultos populares em Figueiró dos Vinhos (1864)

Numa leitura rápida da "Monografia do Concelho de Figueiró dos Vinhos" (que veremos melhor oportunamente) identifiquei um artigo da revista "História" n.º 84, de Outubro de 1985, que aborda uma revolta popular em Figueiró dos Vinhos no ano de 1864.

Essa acção popular teve por motivo o pagamento dos impostos, dirigindo-se "contra as prepotências tributárias do município". A revolta teve início no dia 1 de Maio de 1864 e durou pelo menos até ao mês de Julho.

Esta história é muito interessante, até porque desmitifica uma certa imagem de conservadorismo que acaba por passar sobre o interior beirão; o povo do concelho de Figueiró dos Vinhos demonstrou na altura ter dignidade e querer e saber lutar contra as "prepotências". Uma lição para os prepotentes (nacionais, mas também municipais) de hoje?

Vale a pena ler o artigo: